terça-feira, dezembro 30, 2003

É bom que se saiba!

Até 31 deste mês deste ano de 2003, sou eu o presidente.
Não tenho, por isso, de mandar nenhuma referência especial ao mesmo.
Para todos os outros, CIDADÃOS BLOGISTAS e leitores, aqui vai um voto sincero de bom 2004, sobretudo na companhia deste blog que se vai prolongar por...
Ninguém sabe ao certo, quanto tempo!
A fechar o ano servem-se os restos do Natal.
Os momentos 40.
Depois só faltam os 50 e finalmente será o concluir da história misteriosa.
Da produção; notícias, nem vistas nem ouvidas.
Enquanto isso os momentos fervilham.

"Momento 47.
No hotel em Malta: o Conde está deitado na sua cama, parecendo dormir. A Condessa entra no quarto, lenta e silenciosamente, tentando não acordar o marido.
Sem se mexer, sem sequer se voltar para encarar a mulher, o Conde começa a falar. Diz que a despreza, sempre a desprezou, e agora que tem a certeza de que foi traído, ainda a despreza mais.
Para manter as aparências, e para castigar Luísa, garante-lhe que não vai permitir que o casamento dos dois acabe. Vai manter a farsa até ao fim, ciente da vagabunda que tem por esposa.
Mas a tolerância do Conde para com a promiscuidade da Condessa tem um preço: já que Luísa é agora amante de um oficial inglês, terá de manter o marido informado e ajudá-lo a influenciar as acções de Rytmel de acordo com as instruções do Conde.
A Condessa não acredita no que está a ouvir. Pretende o Conde usá-la como se ela fosse uma vulgar rameira?
O Conde responde-lhe que sim, porque é o que ela é. Depois deseja-lhe boa noite e apaga a luz, deixando a Condessa no escuro, de pé, com o peso do mundo sobre os ombros.

Momento 48.
Na manhã seguinte, o Conde e D. Nicázio estão no bar do hotel, quando vêem Rytmel e a Condessa regressarem de um passeio.
Com o tom bajulador que lhe é peculiar, o Conde mostra-se felicíssimo por ver que Rytmel está a convalescer tão rapidamente de um atentado tão terrível.
Rytmel minimiza o esfaqueamento de que foi vítima; a ferida não foi nada profunda. Cinicamente, o Conde congratula-se em voz alta por ter uma mulher tão maravilhosa, que até se dispõe a passear pela ilha com o capitão, para ajudá-lo a apanhar ar fresco, tão importante para uma boa convalescença. A Condessa baixa o olhar, incapaz de encarar o marido.
O Conde prossegue a sua lisonja desproporcionada. Diz a Rytmel que o considera um herói. Rytmel mente, fingindo não perceber a que é que o Conde se refere, mas ele explica-lhe que os boatos correm rapidamente, e que já toda a gente sabe que o inglês foi apunhalado ao tentar salvar a vida do Príncipe de Gales.
Rytmel não confirma, nem desmente; os seus propósitos estão cumpridos, e sabe que o melhor que tem a fazer agora é permanecer calado acerca dos acontecimentos da noite anterior.
Rytmel pede autorização ao Conde para dar um passeio de barco com a Condessa até à Ilha de Gozzo, a oito quilómetros de Malta. A ideia desta excursão, segundo Rytmel, foi de Lord Grenley, que até se predispôs a emprestar o iate para ajudar Rytmel a recuperar dos ferimentos.
O Conde anui imediatamente; acha uma óptima ideia, que fará bem não só a Rytmel, mas também à própria Condessa, que passou por momentos muito atribulados e precisa de espairecer.
Vasco, que desceu as escadas entretanto, vindo do seu quarto, ouviu o suficiente da conversa para perceber o que se passa. Imediatamente, oferece-se para acompanhar a prima naquela viagem de barco, junto com Rytmel.
Rytmel vai para protestar, mas o Conde é mais rápido: diz a Vasco que não tem nada que se fazer convidado; intrometer-se nos assuntos alheios é uma falta de educação a que uma pessoa da estirpe do capitão Rytmel não está habituada.
Vasco responde: quais assuntos alheios? Luísa é sua prima e esposa do Conde. Vasco sente que tem toda a legitimidade para exigir acompanhá-la nesta excursão, para zelar pela sua segurança. O Conde diz-lhe que Luísa não precisa de temer nada quando está do lado de Rytmel: o capitão inglês provou bem o seu valor e a sua coragem no acto heróico que realizou na noite passada.
Vasco acha estranho que o Conde pense assim. Sempre incumbiu o primo de acompanhar a Condessa fosse ela para onde fosse, para lhe dar a protecção que ele próprio não dava; não percebe porque é que desta vez havia de ser diferente.
O Conde não sabe o que responder a isto, e gera-se um impasse; até que Rytmel, que já percebeu que só muito dificilmente poderá fazer a viagem sem Vasco, se limita a olhar duramente para o jovem e a dizer-lhe que será como ele quer. Avisa-o das horas a que é suposto partirem, e afasta-se, irritado, junto com a Condessa.
Vasco olha furioso para o Conde, e depois afasta-se também, a passos largos.
Nicázio pergunta ao Conde se tem consciência de que, mais cedo ou mais tarde, vai perder a Condessa, irremediavelmente. O Conde pega no seu copo, dá um gole, e fica a olhar para a mulher, que se afasta com o inglês.
Sem olhar para Nicázio responde-lhe “Já perdi”. E, pela primeira vez, o seu semblante apresenta uma profunda tristeza, por saber que acaba de perder a mulher que não soube amar.

Momento 49.
Vasco acompanha a Condessa e Rytmel até ao barco supostamente disponibilizado por Lord Grenley; mas não há sinais do Comandante. Toda a tripulação, assim como o piloto árabe, são desconhecidos de Vasco.
O jovem pergunta a Rytmel o que se passa. O inglês responde dizendo apenas que Lord Grenley afinal não pôde vir, mas que estão prontos a zarpar, de qualquer forma.
Rytmel entra para o barco e dá instruções à tripulação.
A Condessa olha para o barco e o mar, nitidamente ansiosa por partir. Vasco olha-a da cabeça aos pés, e diz-lhe que nunca a viu tão bela antes.
A Condessa sorri, e pede ao primo, uma única vez, que os deixe ir sozinhos. É quase como se lhe tentasse dizer, sem falar, que pretende fugir com o inglês. Mas Vasco não percebe, ou não quer perceber, aquilo que a prima lhe está a tentar transmitir. Diz-lhe que não tem outro remédio a não ser ir com eles; é o seu papel, seguir Luísa e protegê-la.
Sem mais uma palavra, a Condessa entra para o barco.
Chega Carmen, que se vem despedir de Vasco. Rytmel vê-a no cais, mas depressa desvia o olhar.
Carmen é uma sombra da mulher que era. Parece francamente debilitada, e a sua energia parece ter desaparecido.
Abraça Vasco, e relembra-o da promessa que ele lhe fez: matar Rytmel. Dá-lhe um beijo e coloca-lhe uma pistola no bolso.
Antes que Vasco tenha qualquer tipo de reacção, Carmen empurra-o para o barco, que já está de partida.
Vasco fica a olhar para ela, imóvel no cais, enquanto o barco se afasta. Olha para trás, na direcção de Rytmel e da prima. Rytmel olha em frente, costas voltadas para a Ilha de Malta. A Condessa olha para Carmen, já ao longe, e depois para o primo. Baixa o olhar, e olha depois na mesma direcção para onde olha Rytmel.
Vasco volta a olhar para o cais. Mas Carmen desapareceu."

Em 2004 será o fim
neste blog perto de si

BOAS ENTRADAS

sexta-feira, dezembro 26, 2003

A coisa vai bem

Recebi um @ de um amigo.
Na realidade, como que, um presente de Natal.
A história sente-se, está bem e recomenda-se.
Segundo o meu amigo, a confiança nos meus momentos é, praticamente, total e sem reservas.
Estou muito contente porque este meu amigo é alguém que escreve, filma e lê como poucos.
Aqui vão mais uns momentos, que fazem com que a história caminhe para o final.
A produção não se faz sentir.
Porquê?

"Momento 44.
Enquanto enterra a pá na terra do matagal por trás da casa de Sintra, junto com Sidónio e Ferrão, Vasco chora.
Estão a cavar um buraco para enterrar o inglês. Sidónio diz não acreditar que está de facto a fazer aquilo. É como se fosse tudo um sonho, uma mentira.

Momento 45.
Eça e Ramalho encontram-se numa zona mal?iluminada dos corredores. Estão os dois visivelmente muito tensos: basta o som de uma porta de um camarote próximo abrir-se para os corredores para que ambos se sobressaltem, antevendo uma qualquer ameaça; mas é apenas uma velha senhora que se dirige talvez para as casas de banho.
Ramalho diz a Eça que teve uma ideia para acabar de vez com este jogo, este despique literário que levou os dois jornalistas a criar toda uma intriga que não existe, com personagens que só vivem na cabeça dos dois. Na ânsia de se superarem um ao outro, foram acrescentando pormenores a esta história fictícia, até que ela cresceu e deixou de se tornar inofensiva para passar a fazer parte das principais atenções por parte das mais altas esferas.
Eça está curioso em saber o que Ramalho propõe para que se consigam safar desta confusão que ambos criaram. Se os obrigarem a apresentar provas daquilo que têm vindo a escrever nos jornais, não tem salvação possível, pois é tudo inventado; e se confessarem que tudo não passa de uma mentira que fugiu do controlo dos seus criadores, arriscam-se a ser presos.
Mas, sugere Ramalho, e se as provas ardessem? Eça não quer acreditar, mas a verdade é que Ramalho propõe que peguem fogo à redacção, para depois alegar que todas as provas que tinham daquilo que escreveram foram consumidas pelas chamas.

Momento 46.
No cozinha da casa de Sintra, o corpo do inglês morto jaz sobre a mesa. A Condessa chora enquanto olha para a fotografia que Rytmel lhe deu.
Aproxima-a do candeeiro a petróleo e pega-lhe fogo. Fica a vê-la consumir-se em chamas, enquanto as lágrimas lhe caem de forma cada vez mais abundante.
O cocheiro, imóvel junto à porta, volta a dizer as suas palavras, que se assemelham cada vez mais a um presságio: “Fogo. Tudo acabará em fogo”."

Os momentos aproximan-se do fim
neste blog perto de si

quarta-feira, dezembro 24, 2003

CONSOADA

Que coisa se escreve num sítio destes na véspera de um ocasião como esta?
Quem sabe?
Aqui tratamos de um filme, ao qual, aproveito desde já, para desejar um Feliz Natal e um Bom Ano de 2004, extensivo a todos os que me têm acompanhado nesta saga misteriosa.
De momento resta-me informar que estou na fase de leitura e análise do novo guião, que entretanto está a ser lido por pessoas que sabem ler e imaginar.
Tenho recebido reclamações, porque não publico a história com mais assiduidade.
É natal; tomem lá então, para se entreterem, mais alguns momentos.

"Momento 40.
No interior do quarto, Rytmel está na cama, de tronco nu e com o peito envolto em faixas ensanguentadas.
Luísa tem um pano molhado nas mãos, com o qual limpa a testa de Rytmel. Este pergunta-lhe se contou alguma coisa a alguém. A Condessa diz-lhe que não.
Foi Carmen que o apunhalou. E, ao fazê-lo, acabou por fazer um favor a Rytmel. Depois do desaparecimento dos documentos, Rytmel estava em maus lençóis. Quando se viu vítima de um atentado contra a sua vida, Rytmel pôde usar isso a seu favor. Na versão que contou ao oficial seu superior, perseguia um vulto suspeito que tentava entrar no quarto do Príncipe de Gales pela janela. Arriscou a própria vida para proteger o seu príncipe. O oficial seu superior, apesar de não ficar muito convencido da versão contada por Rytmel e pela Condessa, acabou por aliviar a pressão sobre o capitão.
A esta hora já o Príncipe foi evacuado para longe de uma ameaça que não existe.
A Condessa começa a chorar. A possibilidade de Rytmel ter sido assassinado à sua frente, sem que ela pudesse fazer nada, perturbou-a incrivelmente.
Rytmel enxuga-lhe as lágrimas e beija-a. Pede-lhe que fuja com ele, para que fiquem juntos. O pedido ainda faz a Condessa chorar mais: como podem fazê-lo? Rytmel responde-lhe apenas que basta Luísa confiar nele.
Beijam-se apaixonadamente, enquanto Rytmel a puxa para junto de si, para a cama.

Momento 41.
No seu quarto do hotel de Malta, Nicázio esbofeteia Carmen. A cubana, cujo vestido, está a chorar convulsivamente.
O espanhol, sem levantar a voz, repreende-a ferozmente, dizendo-lhe que uma coisa é ela andar a dormir com este e com aquele nas suas barbas; outra bem diferente é tentativa de homicídio; ainda por cima de um oficial inglês. Será Carmen capaz de imaginar a carga de trabalhos que poderiam advir para o próprio Nicázio caso se descobrisse ter sido ela a autora daquele esfaqueamento?
Pela primeira vez, Carmen parece uma mulher frágil. Percebe finalmente que foi irremediavelmente abandonada por Rytmel. O marido apercebe-se da extrema fragilidade da cubana naquele momento, e aproveita para evidenciar a sua masculinidade recém-descoberta.
Chama-a de vagabunda, e diz-lhe que, pelo menos, podia ter mesmo roubado os documentos a Rytmel, já que dormiu com ele; mas pelos vistos é estúpida demais para saber aproveitar a oportunidade dada a quem tem tanta facilidade em entrar e sair no quarto de um oficial de Sua Majestade.
D. Nicázio sai do quarto, deixando Carmen sozinha, a chorar convulsivamente. Bate com a porta, e depois fica por uns momentos parado no corredor. Ajeita o colarinho, sorri, satisfeito consigo mesmo, e caminha resolutamente pelo corredor, em direcção ao salão de festas.

Momento 42.
No S. Carlos, Eça e Ramalho assistem a um ópera. Cada um deles está em camarotes separados. A ária interpretada pela cantora no centro do palco é belíssima, mas os dois jornalistas não lhe prestam muita atenção, imersos que estão nas suas preocupações e pensamentos.
Ramalho faz sinal a Eça para que se encontrem lá fora, nos corredores.

Momento 43.
A voz da cantora de ópera do S. Carlos continua a ouvir-se, emprestando o seu dramatismo ao regresso de Vasco ao quarto de Rytmel.
Depois de se certificar que ninguém o observa, Vasco leva lentamente a mão à maçaneta da porta do quarto e, com todo o cuidado para não fazer barulho, abre-a.
Ouvem-se gemidos de prazer. Vasco fica imóvel, sentindo-se como se a vida abandonasse o seu corpo, enquanto vê a Condessa e Rytmel em pleno acto sexual. Uma única lágrima cai pelo rosto de Vasco."

Tenham muitos presentes são os meus votos
neste blog perto de si

domingo, dezembro 21, 2003

Que miséria da Domingo!

Mais um Domingo.
Dia de comentários.
Não há!
Miseravelmente, tenho alguns guardados para estas eventualidades.
Mas não é coisa de que me gabe.
Então; Domingo é Domingo, mas muito...(escolha o adjectivo)

De um caro amigo, que sempre que visita este blog tem sempre uma palavra de apreço (seja ela qual for).

"Caro Paixão,
Tenho andado afastado do seu blog. Creio não ter perdido nada.
Hoje, quando lá voltei, lembrei-me duma piada já antiga:
Um alcoólico desempregado, mentiroso, caloteiro, mau jogador de golf e escritor de blogs diz para o filho:
- na realidade não sou totalmente inútil. Pelo menos sirvo de mau exemplo.
Abraço"

De uma amiga, que me tem honrado com os seus comentários e de quem já tenho saudades de receber alguns, por serem dos melhores e mais interessados.

"Reli o Mistério aos bocados e ando numa roda viva por sua culpa!!! Ei... estou a brincar... acontece que levei o livro e deixei-o na Biblioteca em Salamanca quando devolvi os livros que pedi lá emprestados. Já mandei uma serie de e-mails para ver se o encontram, pois as anotações que lhe tinha feito eram muito interessantes, quanto mais não seja por terem sido feitas quando tinha 10 ou 11 anos.
Continuarei a dar noticias. Sempre."

Foi Domingo
neste blog perto de si

sexta-feira, dezembro 19, 2003

De novo na senda da verdade

O que é a verdade?
Ninguém pode afirmar que sabe o que é a verdadeira verdade.
É tão verdade, a minha insignificante pessoa, ter sido nomeado presidente pelo próprio presidente, como é verdade este Mistério estar cada vez mais entroncado, mas a caminho do fim.
Novos momentos, são disso prova.

"Momento 38.
Vasco, o Conde, D. Nicázio e a Condessa (já com roupas limpas) estão à porta do quarto de Rytmel.
Continua a ouvir-se o som de música e festa, vindo do salão do hotel, lá em baixo. Ao que parece, o atentado à vida de Rytmel passou despercebido à maioria.
A porta do quarto de Rytmel abre-se. Do seu interior sai o mesmo oficial inglês que antes tinha gritado com Rytmel na escadaria do hotel.
Educadamente, mas com um ar sisudo, o oficial informa-os de que Rytmel está bem; a ferimento de punhal não foi muito profundo.
O Conde, no seu tom bajulador, dá graças a Deus por Rytmel estar bem, e lamenta imenso que uma coisa horrível destas tenha acontecido exactamente num dia tão especial como é este, em que se comemora o aniversário do Príncipe.
O oficial olha para o Conde e pede-lhe que mantenha este atentado em segredo, ninguém deve saber o que se passou; e estende o pedido a todos os presentes.
Fixa a Condessa e pergunta-lhe se tem mesmo a certeza de que não viu quem foi. A Condessa baixa o olhar, e abana negativamente a cabeça. Mantém a sua versão de que foi tudo muito rápido, estava escuro demais, e não viu mais nada a não ser Rytmel a cair no chão, enquanto sangrava.
O oficial olha para ela com uma expressão fechada, durante alguns instantes, e depois diz-lhe que o Capitão Rytmel quer vê-la, e faz sinal para que a Condessa entre.
Vasco faz tenções de segui-la, mas o oficial impede-o: só a Condessa, sozinha. Depois afasta-se, apressado, em direcção ao salão onde decorre a festa.
Luísa abre a porta, entra, e fecha-a atrás de si.
O Conde parece acreditar que foi Vasco quem o esfaqueou. VASCO nega tudo. D. Nicázio permanece calado. O Conde sorri, e diz a Vasco que está na altura de saírem dali: Rytmel está bem e, se precisar de alguma coisa, a Condessa está do seu lado para cuidar de todas as suas necessidades.
Relutante, e olhando para a porta do quarto de Rytmel como se quisesse ver o que se passa para além dela, Vasco lá acaba por se afastar pelo corredor junto com o Conde e D. Nicázio.

Momento 39.
No salão de festas, o oficial aproxima-se do Príncipe de Gales, que está rodeado de mulheres e outros oficiais ingleses. Segreda-lhe qualquer coisa ao ouvido, que deixa o Príncipe com um ar consternado.
O Príncipe de Gales despede-se apressadamente de todos os que o rodeiam e sai do salão.
No átrio do hotel, os empregados têm já a bagagem do príncipe pronta a ser carregada para dentro de um coche, que levará o Príncipe para um barco, para longe de Malta."

Só faltam os 40 e os 50.
depois entramos em produção, neste blog perto de si

quarta-feira, dezembro 17, 2003

Preparem-se para uma vénia

Levantem-se!
Dobrem-se até onde puderem!
Abram os braços e gritem:
"Muitos parabéns senhor presidente"
É verdade; hoje é o aniversário do senhor presidente, que faz questão de saber mais coisas sobre o fado.
Sobre o fado, é muito fácil, clique aqui e verá. Viu? foram só "Muitos Parabéns".
Domingo não houve "nest blog perto de si" porque não houve Domingo 8.
Isto é; não apareceram os tão desejados comentários.
Não volta a acontecer, porque felizmente tenho uns em carteira. Só os estava a guardar para melhores dias.
Não é exactamente isto que se deve fazer em tempo de crise?
E o tempo é de quê?
E melhores dias virão.
Entretanto tomem lá mais mistério:

"Momento 35.
Rytmel e a Condessa caminham pelo jardim, ao luar. O som da festa no
interior do hotel desvanece-se à medida que avança.
O inglês pede desculpas à Condessa pelo que se passou hoje com o seu
primo. A Condessa retribui-lhe o pedido de desculpas, em nome do primo,
dizendo que o temperamento tempestivo de Vasco já várias vezes o
colocou em situações bastante desagradáveis.
O ambiente, o facto de estarem sozinhos, e a tensão acumulada nas
últimas horas, fazem com que Rytmel e a Condessa se aproximem cada vez
mais.
Beijam-se, demoradamente, até que o ruído de uns arbustos os faz olhar
ao mesmo tempo para o local de onde o som pareceu vir.
Agarrado à Condessa, o inglês grita para a escuridão, perguntando quem
ali se esconde.

Momento 36.
D. Nicázio e o Conde fumam um charuto à porta do hotel. Nicázio
pergunta ao Conde se está certo de querer atirar a sua mulher para os
braços do inglês. É um jogo muito perigoso, e que acaba por dar maus
resultados.
Nessa altura surge Vasco, que vai a entrar para o hotel, com um ar
perturbado. O Conde mostra-se surpreendido, pois pensava que Vasco
estava no seu quarto.
Vasco responde-lhe apenas que foi dar uma volta para apanhar ar, e é
nessa altura que D. Nicázio deixa cair o copo que tem na mão perante a
visão da Condessa.
Luísa aproxima-se, cambaleante e desgrenhada, o seu vestido coberto de
sangue. Tudo o que consegue balbuciar é que Rytmel está morto.

Momento 37.
Pelos corredores da casa de Sintra, Vasco, Sidónio, Ferrão e o cocheiro
carregam o corpo do inglês morto.
O plano é deixá-lo na cozinha, para depois cavarem um túmulo nas
traseiras da casa, no meio do matagal, na esperança de que o corpo
nunca seja encontrado.
O cocheiro, no entanto, parece ter outra opinião sobre o que devia ser
feito ao corpo do inglês. Volta a repetir a sua lenga-lenga
premonitória, dizendo que tudo acabará em chamas."

E vão ver que o mais certo é isto acabar tudo queimado.
Enquanto não vem a vaga
neste blog perto de si

sábado, dezembro 13, 2003

Estou cheio de pressa 2

É verdade, estou novamente cheio de pressa.
Tenho de ir fazer uma coisa que qualquer um pode fazer por mim desde que conheça o significado da palavra estóico.
É que ver jogar o Benfica nos dias que correm exige de nós um desenvolvimento oportuno de um sentimento aguçado e subjacente com o saber sofrer.
Vou ver o Bin com carinhosamente lhe chamo desde que deixou de ser campeão (há muitos anos).
Entretanto e entre tanto fica o prometido entre-tenimento.

"Momento 33.
Eça está sentado a escrever, à luz do candeeiro de petróleo. Ouve a porta da redacção abrir-se, mas não olha para trás. Pensando que é Ramalho, limita-se a dizer que já sabia que ele ia voltar atrás, pois tudo isto está, na realidade, a dar-lhe tanto gozo como a si.
Entusiasmado, vira-se para encarar Ramalho enquanto lhe diz que tem de ler o que acabou de escrever. Depara-se com Ramalho, sim, mas acompanhado de um homem de sobretudo negro. Ramalho diz a Eça que aquilo que acabou de escrever é exactamente o que aquele agente da secreta quer ler.
O homem traz consigo um exemplar do jornal daquele dia. Pede a Eça para ler o que ele acabou de escrever, mas Eça responde-lhe que, se quer ler, terá de aguardar até o dia seguinte para ler no jornal, como todas as pessoas sabem.
Ramalho treme com esta atitude de Eça. O homem de sobretudo pretende que os dois jornalistas lhe digam como é que sabem tanta coisa sobre aquele caso; como é que têm conhecimento de documentos que a secreta nem sequer sabia que existiam.
Eça responde apenas que não podem revelar as suas fontes, mas que tudo o que sabem está publicado nos jornais, e será publicado à medida que os acontecimento se desenrolarem.
Por último, aponta para a sala destruída à sua volta, com todos os papéis e vidros partidos espalhados pelo chão e, ironicamente, diz que se o agente quiser, pode revistar a redacção à vontade.
Se o homem de sobretudo negro ficou irritado com a arrogância de Eça, não o demonstra. Impassível, despede-se com a promessa de que se voltarão a ver em breve, e sai.
Agora que o agente da secreta já não está na sala, Eça deixa-se dominar pelo que realmente sente, e o seu semblante fica carregado.
Ramalho pergunta-lhe se continua a não achar que têm de pôr termo a toda aquela situação imediatamente.

Momento 34.
Nessa noite, no hotel de Malta, festeja-se o aniversário do Príncipe de Gales. O salão está em festa, e as pessoas começam a sentar-se nos seus lugares.
O Conde e a Condessa estão sentados quando vêem Nicázio chegar ao salão sozinho. O Conde acena-lhe, e Nicázio aproxima-se.
A Condessa pergunta por Carmen; o espanhol pigarreia e responde que a mulher se sente indisposta. Nicázio repara que Vasco também não está presente. O Conde conta-lhe abreviadamente o episódio à porta do seu quarto, entre Vasco e Rytmel. Nicázio sorri.
Nesse instante, Rytmel chega ao salão. O Conde desfaz-se em mesuras, dando os parabéns ao inglês pelo aniversário do Príncipe como se fosse Rytmel o aniversariante.
Aproveitando aquele arremedo de bajulação por parte do Conde, Rytmel atreve-se a pedir como que um presente de aniversário em nome do Príncipe de Gales: levar a Condessa para um passeio pelo jardim. A Condessa fica simultaneamente encantada pela atitude do inglês, e surpreendida pela imediata autorização do marido.
Rytmel sai para o jardim junto com Luísa, que ainda deita um último olhar para o marido, confusa. O Conde levanta o copo, como que fazendo um brinde na sua direcção, enquanto diz a D. Nicázio que pensou muito no que ele lhe disse acerca das vantagens dos maridos traídos."

Nada mal para o fim de semana.
Amanhã é Domingo
neste blog perto de si

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Estou cheio de pressa
Vou fazer uma coisa que ninguém pode fazer por mim.
Escutar uns fadinhos, cantados pela minha prima, irmã que nunca tive.
Mas não queria partir sem deixar aqui o início dos momentos 30.
Filmar deu-me tanto prazer que não me apeteceu escrever durante vários dias. Aliás não me apeteceu praticamente mais nada que filmar.
Vejam um teledidisco ou videoclip, como quiserem chamar-lhe, que vai sair antes do natal. Tem um frade e umas crianças a canatar num local que faz lembrar o coro de uma igreja. Ah! E também tem músicos.
Aceito considerações.
Até lá, aqui vai...

"Momento 30.
Na casa de Sintra, Vasco pega no cadáver de Rytmel pelos colarinhos. Está furioso, e grita com o inglês como se este o pudesse ouvir.
Se a Condessa tem sífilis, a culpa é de Rytmel. Vasco deseja que o inglês estivesse vivo para poder matá?lo outra vez.
Sidónio e Ferrão têm de pegar em Vasco para evitar que ele espanque o corpo sem vida, naquele acesso de loucura, e tentam acalmá-lo.


Momento 31.
De volta ao corredor: Rytmel continua a caminhar, incomodado com a estranha expressão no rosto do rapaz.
Quando passa por ele, cumprimenta-o com um aceno, e continua a andar, afastando-se. Mas quando Vasco lhe pergunta se já encontrou os documentos que perdeu, Rytmel estaca. Olha para Vasco e, súbito, atira-se a ele, imobilizando-o contra a parede com o braço junto ao pescoço.
O inglês exige que Vasco lhe conte o que sabe sobre os documentos. Vasco, falando com dificuldade, diz-lhe que não se fala de outra coisa entre os passageiros do cruzeiro. Apesar de ali em Malta tudo estar em aparente normalidade, e de se ir até comemorar o aniversário do Príncipe de Gales, em Lisboa o clima é de ebulição, como uma fornalha prestes a explodir; Rytmel não podia esperar que certas coisas passassem despercebidas, apesar do inglês pretender mantê-las em segredo. Aliás, comenta Vasco, permitindo-se uma arrojada provocação, para quem se encontra na situação de desvantagem que ele se encontra, se os documentos desapareceram, Rytmel só pode culpar a si próprio por não ter tomado as devidas provocações com algo tão valioso.
Rytmel fica lívido. Levanta a mão como se fosse esmurrar violentamente Vasco; mas nesse momento, a Condessa abre a porta, e grita quando vê Rytmel prestes a bater no primo.
Rytmel larga imediatamente Vasco, que compõe a roupa. Luísa, que sabe da animosidade que o primo nutre pelo inglês, põe-se imediatamente do lado de Rytmel: se o capitão estava prestes a esmurrar Vasco, era por certo devido às provocações do primo.
Vasco olha para a Condessa, e depois para Rytmel, e afasta-se apressadamente, cheio de raiva contida.

Momento 32.
De volta à casa de Sintra: o cocheiro, atraído pelos gritos de Vasco, entra de rompante na sala. Quando se depara com Sidónio e Ferrão a agarrarem Vasco, que se debate, o cocheiro pega no médico e no seu amigo com violência, e prepara?se para magoá-los.
Mas Vasco grita para que ele pare. O cocheiro detém?se, e larga Sidónio e Ferrão, que ajeitam a roupa.
Ofegante, Vasco olha para o rosto do inglês morto com uma expressão fria, e limita?se a dizer que está tudo bem."

E mais não disse
neste blog perto de si

terça-feira, dezembro 09, 2003

Ontem filmei

É verdade! Ontem filmei!
Foi a única coisa que filmei em 2003.
Um conteúdo com um tempo útil de 3minutos e 40 segundos.
Que saudades que eu tinha de filmar.
Enquanto não vem o grosso da coluna em 2004, aqui vamos falando daquilo que, em breve, nos vai matar a fome de filmar.
Seguem os momentos 20 que se concluem com o 29.
Faz ideia daquilo que se vai passar a seguir?

Momento 26.
Carmen e Vasco entram dentro da casinha do jardineiro, envolvidos em beijos apaixonados. Carmen atira com todo o material de jardim que estava em cima da mesa para o chão.
Vasco possui?a, e Carmen, no auge do prazer, pede?lhe que mate Rytmel, porque este anda a tentar seduzir a sua prima. No momento do orgasmo, Vasco promete?lhe que vai matar o inglês.

Momento 27.
Na casa de Sintra, Sidónio regressa à sala onde estão Vasco e Ferrão. Vasco pergunta-lhe como está a Condessa, ao que o médico responde que os seus piores receios eram fundamentados.
O estado delirante da Condessa não se deve unicamente às circunstâncias da morte do inglês: Luísa tem sífilis.

Momento 28.
No hotel em Malta, Vasco bate à porta do quarto da sua prima. A Condessa abre a porta, mas não parece feliz por ver Vasco. Este pede?lhe para entrar, dizendo que precisa de falar com ela. A Condessa acede.
Vasco pede desculpas pela inconfidência que cometeu quando falou ao Conde da conversa que a prima teve com o inglês. Tudo o que Vasco pretendia, como sempre pretendeu, era proteger Luísa.
A Condessa diz que não percebe. Protegê-la de quê? Vasco é peremptório: de Rytmel. As intenções do inglês para com a Condessa são óbvias, e Vasco só quer poupar a prima ao sofrimento. Rytmel é um galanteador nato, e tem um longo historial de corações quebrados. Vasco dá o exemplo de Carmen.
A Condessa parece estar a tomar o partido de Rytmel. Defende?o, mais às suas intenções. Ataca o primo verbalmente, insinuando que a cubana já conseguiu convencê-lo a sujar o nome de Rytmel, depois de ter passado uns momentos com ele na casinha do jardineiro.
Vasco estaca. A Condessa diz-lhe que os viu a entrar para lá, pelo vidro da sua janela. Luísa diz-lhe que não tem nada a ver com o que o primo faz ou deixa de fazer, mas pede-lhe que não se deixe influenciar e que, acima de tudo, não interfira na sua vida.
Luísa não quer a protecção de Vasco, e manda?o sair.

Momento 29.
Vasco sai. A Condessa fecha a porta atrás de si com mais força do que aquela necessária. Vasco fica uns instantes parado, querendo voltar a bater à porta, convencer a prima a afastar-se do inglês.
É nesse instante que Rytmel assoma ao fundo do corredor. Vasco fita?o, enquanto ele se aproxima, caminhando em direcção ao seu quarto, no mesmo andar do da Condessa.
Rytmel repara no olhar estranho de Vasco na sua direcção, mas continua a avançar.

Vêm aí os trinta.
neste blog perto de si

segunda-feira, dezembro 08, 2003

DOMINGO 7 à Segunda-feira 8

Comentários nem vê-los.
Apenas este:

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Não é propriamente um comentário, é mais uma sugestão, uma proposta, algo ao nível do artigo do Independente que apareceu aí na última sexta-feira "santa".
Quanto custam os filmes portugueses aos portugueses?
Nada!
Tantas contas, tanto calculo, tanta despesa per capita e no fim as contas todas erradas.
A verdade é que os filmes portugueses são fabricados com o dinheiro que vem dos proventos da publicidade televisiva (da Nestlé, do Omo, Do Continente, do papel higiénico Holgar, dos benfeitores multinacionais detentores de agências de publicidade com origem nos USA, em Inglaterra e Holanda e ainda dos bolsos das instituições (essas sim) públicas franceses, espanholas e outros tansos, mas do bolso dos portugueses - isto é; proveniente dos seus impostos - nada.
Mais valia fazer as contas a quanto custa o quilo de papel independentemente de bem ou mal impresso e veriam que possivelmente encontrariam aí um subsídio à pasta de papel mal empregue.
Porque não se acaba com o cinema português que é um tema tão caro a tanta gente?
Pela mesma razão que não se acabam com os bancos, com as companhias de seguros, com os chapéus de palha, muito simplesmente porque não se acaba com tudo o que é português, ainda que essa fosse a vontade de uns e outros.
A razão é uma: o português é uma praga que se espalhou pelo planeta, criando uma diáspora muito querida aos portugueses em geral e cuja extinção ocupa apenas a cabeça dos próprios português.
"A grandeza de um povo é o conjunto das suas qualidades e dos seus defeitos. Coragem portugueses só vos faltam as qualidades" dito muito querido a um rapaz que se dedicou a painéis e outros artigos pintados que nunca ninguém quis avaliar e com um nome escuro lá da outra banda.
Cada vez gosto menos de quem faz contas e gosto mais de quem faz de conta.
O mistério continua
neste blog perto de si.

sexta-feira, dezembro 05, 2003

A coisa está a ferver.
Não é?
Este story outline está a aproximar-se do seu climax.
Seguir esta história é um prazer ou não?
Sei que são bastantes os seguidores desta odisseia e portanto gostava de ter notícias de quem embarcou.
Vamos lá, domingo vem aí e eu preciso de comentários.

"Momento 24.
D. Nicázio e o Conde conversam no átrio do hotel. O comerciante
espanhol está já ligeiramente embriagado. Quando um grupo de ingleses passa pelo átrio, em grande algazarra, o olhar de Nicázio fixa-se neles. Começa a falar dos ingleses com uma
Chanimosidade que não havia demonstrado até agora. Acha?os petulantes e
convencidos, e adorava vê-los cair do estado de graça em que julgam
estar. O Conde fica um pouco admirado de ouvir o espanhol falar daquela maneira e, com o habitual tom de bajulação com que normalmente se
refere aos ingleses, tenta perceber até que ponto a opinião de Nicázio
não se deve ao facto da mulher o andar a trair com Rytmel.
Nicázio, solto pela bebida, acaba por insinuar que, por vezes, a
infidelidade de uma mulher pode revelar?se útil para o marido. Se o
amante for alguém importante, e a mulher tiver algum tipo de poder
sobre ele, poderá influenciá-lo nas suas decisões. E se o marido traído
conseguir fazer com que a mulher influencie o amante de acordo com os
seus objectivos, então é como se o marido traído controlasse o amante.
Esta teoria faz o Conde pensar no proveito político que poderia tirar
se fomentasse uma relação entre Luísa e Rytmel.
É nessa altura que o capitão inglês desce do seu quarto para o átrio. A
meio das escadas é interpelado por outro oficial, de patente superior.
Conversam os dois, muito baixinho; a conversa é inaudível para o Conde
e para Nicázio, mas pela expressão de Rytmel algo não está bem.
O Conde relaciona a conversa com o boato que corre acerca de uns
documentos importantes terem sido roubados a Rytmel. Nicázio mente,
dizendo que não ouviu falar de nada disso.
Os olhos do Conde brilham, quando confessa que adorava estar na posse
desses documentos.
Nicázio, apesar de embriagado, consegue raciocinar, e não pode deixar
de achar estranho que o Conde se regozije com algo que, a ser verdade,
seria um grande motivo de embaraço para os ingleses.
Nesse instante, o tom de voz do oficial que fala com Rytmel levanta-se;
quase que grita. Rytmel vira?lhe costas, visivelmente incomodado,
enquanto o outro oficial sobe a escadaria do hotel, furioso.
Rytmel passa por Nicázio e pelo Conde, sem sequer os cumprimentar.
Nicázio olha para o Conde, e sorri, dizendo que pelos vistos o boato é
verdadeiro, e Rytmel deve estar em maus lençóis. Propõe um brinde. O
Conde pensa duas vezes, e depois lá brinda com o espanhol. Bebem o
conteúdo dos seus copos, e depois o Conde fica a olhar, com uma
expressão fechada, para a porta que dá para o jardim e por onde Rytmel
saiu.

Momento 25.
Fim de tarde: Carmen passeia no jardim ao redor do hotel, quando é
surpreendida por Rytmel. Longe de olhares, o inglês exige a Carmen que
lhe devolva o que lhe tirou.
Carmen tenta fugir, mas Rytmel agarra?a com violência, e chega mesmo a
agredi?la. A cubana chora, e grita, enquanto Rytmel lhe tapa a boca e
olha à sua volta, para se certificar que não é visto.
Carmen cai aos seus pés, jurando que não roubou nada. Tudo o que queria
era captar a atenção de Rytmel, mesmo que fosse levando-o a acreditar
que ela tinha o que ele queria. Rytmel começa a acreditar na cubana.
Um grupo de ingleses passa pelo jardim, à distância. Rytmel, que não
quer chamar as atenções, abandona Carmen no jardim.
Vasco, que também passeava no jardim, vê, à distância, Rytmel a
afastar-se e Carmen no chão, soluçando. Corre na direcção da cubana,
que chora convulsivamente. Ajoelha?se ao seu lado, e tenta ajudá?la.
Sem Vasco perceber muito bem como, a cubana, no meio do choro, acaba
por beijá-lo."

Agora só Domingo é que é Domingo
neste blog perto de si

quinta-feira, dezembro 04, 2003

Momentos deliciosos

Seguem mais dois momentos.
A coisa está a aquecer.
Isto com diálogos é outra loiça, mas para já tem de ser assim.
É a melhor maneira de se perceber o processo de criação, assim como o sistema evolutivo do binómio argumento/guião
Aqui, tenho forçosamente de fazer uma paragem para enunciar uma referência muito especial, com deferência, ao senhor Presidente.
Há muito que não me referia à sua excelsia e soberana personalidade.
Está referido!
Vamos ao assunto.

"Momento 22.
Já chegados a Malta, os passageiros entram para o interior do hotel.
Rytmel troca de olhares com Carmen, que entra no átrio com o marido, D.
Nicázio.
Nicázio repara nos olhares e o que diz a seguir soa estranho aos ouvidos da mulher. Nicázio fala de um rumor que circula entredentes entre os passageiros daquele cruzeiro.
Ao que se diz, Rytmel era portador de documentos que alegadamente
poderiam comprovar a pertença inglesa do polémico território em África,
e que estaria incumbido de os trazer para avaliação do Príncipe de
Gales. Mas, segundo consta, esses documentos desapareceram.
Carmen diz ao marido que não percebe do que ele está a falar. Nicázio
apenas lhe responde que sabe perfeitamente que a mulher passou uma
noite com o inglês, e que se alguém teria oportunidade de lhe tirar
esses documentos – caso seja verdade que Rytmel os tinha, seria ela.
Esses documentos são extremamente valiosos, e poderão render bom
dinheiro a quem os encontrar, pois qualquer uma das partes interessadas
— Inglaterra e Portugal — pagariam um bom preço por eles.
Nicázio relembra a Carmen que o comerciante ali é ele, e que caso a
mulher tenha esses documentos, o mais acertado seria entregá-los a ele,
para que pudesse negociar com as partes interessadas.
E, dizendo isto, abandona Carmen no meio do átrio, e dirige-se para
perto do Conde, que está sentado no bar do hotel, bebendo um copo.

Momento 23.
Na redacção, Ramalho está sentado na sua cadeira com a cabeça amparada
pelas mãos. Eça olha em volta: toda a redacção foi virada do avesso; há
gavetas abertas e atiradas para o chão, o seu conteúdo espalhado um
pouco por todo o lado. A cadeira está partida, como se tivesse sido
arremessada com raiva, e há pedaços de vidro pelo chão, provenientes do
candeeiro estilhaçado.
Ramalho acredita que os dois homens eram da secreta, e que procuravam
documentos relativos ao inglês morto de que eles falam nos jornais.
Pergunta a Eça se ainda não acha que tudo aquilo já foi longe demais.
Eça é forçado a concordar, mas responde que não podem, simplesmente,
fingir que nada aconteceu. O caso tem de ser tratado com o máximo de
cuidado, e não têm outro remédio senão levar as coisas até ao fim.
Ramalho insurge-se. Diz que vai parar imediatamente, e sai disparado da
redacção, batendo com a porta."

Amanhã há mais, ou talvez não.
réplicas do 4x4 neste blog perto de si

terça-feira, dezembro 02, 2003

O guião está aí

Onde?
Onde deve estar, com a produtora!
Vamos avançar com a produção.
Primeiras reacções para breve.
Entretanto mais dois momentos ternurentos.

"Momento 20.
Segurando um candeeiro de petróleo na mão, o cocheiro acompanha Luísa e
Sidónio pelos escuros, estreitos e labirínticos corredores da casa de
Sintra, até ao quarto.
Sidónio tenta perceber junto da Condessa como é que o inglês ali foi
parar, e como é que morreu.
A Condessa, sempre com um ar ausente e delirante, apenas lhe responde
que chamou Rytmel ali para lhe devolver algo que tinha dele.
Momento 21.
Barco cruzeiro, no dia seguinte: a Condessa olha para a fotografia que
Rytmel lhe ofereceu.
Súbito, Vasco aparece, a correr, muito entusiasmado: estão prestes a
chegar a Malta, já se vê terra no horizonte.
A Condessa guarda a fotografia, e olha com um ar reprovador para Vasco.
Diz-lhe para ele a parar de seguir, para depois ir contar tudo ao seu
marido. Vasco fica perturbado com o tom frio da prima, e não tem reacção quando a vê afastar-se pelo convés."

Amanhã é dia de réperage.
Mas não para este filme
Quer saber mais?
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segunda-feira, dezembro 01, 2003

Sem comentários

Como no Domingo hão houve comentários, hoje também não há.
É segunda-feira e portanto não é suposto haver comentários, mas é suposto haver momentos.
Aqui vai mais um, o 19. É dos bons e sai mesmo em véspera de guião novo.
Hoje pela meia noite, este filme vai entrar em produção.
A produção que se cuide.
Entretanto:
"Momento 19.
Na casa de Sintra, Sidónio está mais calmo. Ainda não sabe o que fazer: se insistir em que se chamem as autoridades, ou se ajudar Vasco a ver-se livre daquele corpo.
Olha para a Condessa. O seu aspecto mostra claramente que ela está muito doente. Pede a Vasco que a ajude a levá-la para a cama, para que ele a possa observar em condições.
Vasco diz ao cocheiro que leve a Condessa e Sidónio para o quarto da casa. O cocheiro sai, junto com Luísa e o médico.
Sozinhos na sala, Ferrão e Vasco conversam. Ferrão diz que não pôde deixar de reparar no carinho e atenção que Vasco dedica à prima.
Vasco não está, notoriamente, muito à vontade para falar naquele assunto. Limita?se a responder?lhe que a prima é uma mulher encantadora, e que merecia ser mais amada do que é pelo marido. O Conde sempre delegou nele a tarefa de tomar conta de Luísa, mandando?o ir atrás dela sempre que se ausentava da presença do marido.
Apesar de se irritar com a prepotência do Conde, que nessas alturas fala com Vasco como se lhe desse ordens, o jovem sempre anuiu em acompanhar a Condessa, porque assim podia protegê-la.
Ferrão percebe a verdadeira natureza dos sentimentos de Vasco por ela, e não pode deixar de lhe perguntar: “E quem a protege de si?”. Vasco parece não entender, mas Ferrão é mais claro: na sua opinião, a Condessa e o inglês envolveram?se romanticamente, e Vasco acabou por matá-lo, com ciúme, apesar da Condessa o amar.
Vasco não responde."

Amanhã, sa calhar, há mais
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